sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Em 2008*...

*recebido por email









quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

2007 - 2008

Tempo sem aparecer, o estresse de final de ano sempre me arrasta pro limbo e fica difícil manter contato de lá. Mas hoje sobraram alguns minutos e resolvi fazer um balancete do ano que passou.
2007 foi um ano bom, muito melhor que os anteriores. Tive diversas realizações no campo profissional, pessoal, e fiz muitos planos pro futuro. Se eu fizesse uma lista das coisas boas ia faltar espaço. Então só posso desejar pra todo mundo que passa por aqui que 2008 seja melhor ainda! Boas festas pra todos!

domingo, 2 de dezembro de 2007

reflexão

Estou muito perto do "point of no return"
O cansaço passou já dos limites e não posso garantir a sanidade a partir de hoje.
A aparência até pode continuar a mesma, mas estou destruído por dentro.
Agora é torcer pro chegar logo do outro lado antes que algo grave aconteça.

war in rio

"A impunidade banaliza a violência que a injustiça social patrocina - e a passividade mantém tudo em seu lugar. Usar de irreverência para discutir assuntos sérios é uma estratégia de atingir mais pessoas, e de mobilizar os meios de comunicação para debater o que não deve ser apenas noticiado."




Uma sátira que mistura o famoso War e o tema atual do caos no Rio de Janeiro. Seria engraçado se não fosse um assunto tão sério. A Proposta é bem interessante, vale a pena olhar o blog (War in Rio) e repassar. Já faz parte da minha wishlist (pena que é apenas uma proposta de conscientização)

Tirado do mesa pra seis

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Em que planeta você mora?

Na terra? Então tenta ver o quanto você conhece dele (clique na imagem para acessar).
É muito bom!


segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Harder, Better, Faster, Stronger



Roubado do Mesa pra Seis:
como diz o Rey: detesto gente descordenada!

domingo, 18 de novembro de 2007

Possibly maybe

"Your flirt finds me out
Teases the crack in me
Smittens me with hope
Possibly maybe, possibly maybe, possibly maybe.

As much as I definitely enjoy solitude
I wouldnt mind perhaps
Spending little time with you
Sometimes, sometimes

Possibly maybe probably love
Possibly maybe probably love"

*pra quem já ouviu essa música da bjork, acho que não precisa explicar muito. Pra quem não ouviu, é uma das (muitas) que me fazem ouvir bjork. E está difícil tirar da playlist.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

conversa com Deus

madrugada esquisita
muita chuva, calor, mosquitos
reflexões impensadas
como podem sair tantas idéias assim, do nada
dizem que ócio é o jardim do diabo
será o inverso um édem divino?

sábado, 10 de novembro de 2007

dias melhores verão...

*tirado de mais uma janela de ônibus em Porto Alegre

desfruta
sem pressa
essa tua primavera
quando o verão chegar
e fores fruto maduro
vou te colher
com apuro
e te comer
de colher

Germana Konkath

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Networking

"alguém sempre conhece alguém"

Trabalho em excesso, e pela primeira vez na vida, bem remunerado.
Graças a um bom networking.
Ainda que seja espontâneo e eu mal tenha começado a trabalhar esse lado marketing da minha vida.

Ah, como é doce a segurança de alguns meses sem preocupações financeiras graves (ainda que no fundo a grande preocupação não se vá)

Novidades boas do dia: a partir de hoje tenho uma estagiária pra aliviar um pouco a carga de stress, e também tenho um PORTFOLIO ONLINE

Notícia péssima do dia: Achei cupins na minha estante, e algumas larvas malditas devoraram 2 LIVROS DE DRAGONLANCE! Isso tudo em apenas 2 meses (que eu desencaixotei os livros e o coloquei na maldita estante...)

Se eu tivesse poder divino hoje, os insetos da terra sofreriam da minha cólera.
Bom que grande irresponsabilidade traz pequenos poderes.

Eu volto...

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

finados...

frase célebre:
"Vamos sorrir no trabalho pra chorar na terapia!"
adorei, até porque eu ando nesse estado...

outra:


amanhã é feriado, vou ali e já volto...

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

do limite...

A pedidos da Ingrid...

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure)
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

O livro mais próximo: Ecodesign, the sourcebook

"Speakers are integral to the lightweight player so every effort has been made to minimize the consumption of materials"

Ficou sem sentido? ok, estava a séculos sem posts, precisava desabafar algumas coisas aqui mas a agitação está tão em alta que fica difícil comparecer (preciso escolher qual das minhas faces priorizo, e a de escritor definitivamente não ganharia meu pão)

Deixo pros 5 primeiros leitores (quem não quiser, que passe despercebido)

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Todos os medos

ainda escrevo um conto sobre isso: abrir mão de todos os medos.

será possível?
cheguei a listar quais posso perceber agora. são poucos. alguns não vejo há tempos. o maior deles nem é puro, mas uma mescla com apego.

estranho pensar nisso, faz muitos momentos que já vivi parecerem completamente insignificantes.

será isso a vida? essa capacidade que temos de olhar pra trás e ver tudo de um ângulo tão grotesco que sequer nos reconhecemos?

ainda escrevo um conto sobre isso...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Bridges and Baloons

Domingo de tardezinha e um mega show a meros 10 reais no Santander Cultural em Porto Alegre.

Até agora ainda está difícil de acreditar. O mais engraçado é que o show já aconteceu!

Abertura de Wendy McNeill, que literalmente se multiplicou no palco de maneira fantástica, seguidos por 90 minutos de Joanna Newsom, sem dúvida a harpista mais inovadora (e tímida, diga-se de passagem) atualmente. Agilidade e voz impressionantes. Fica um vídeo do show, créditos do Lee.

sábado, 6 de outubro de 2007

Eu tenho...



...resultado de um passeio produtivo pela cultura numa produtiva manhã de sábado (e alguns reais a menos no bolso...). Depois de ler eu posto alguma resenha...


quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A drop in the ocean

*trecho da introdução de "Ecodesign, the sourcebook", de Alastair Fuad-Luke, revised edition, pp 12

"Between 1950 and 1997 the production of world grain tripled, world fertilizer use increased nearly tenfold, the annual global catch of fish increased by a factor of five and the global water use nearly tripled. Fossil-fuel usage quadrupled and the world car fleet increased by a factor of ten. During the same period the destruction of the environment progressed on a massive scale. There was reduction in biodiversity. For Example, the world elephant population decreased from six million to just 600.000 and total tropical rainforest cover decreased by twenty five per cent. Average global temperature rose from 14.86°C to 15.32°C, largely owing to an increase in carbon dioxide emissions from 1.6 billion tonnes per annum in 1950 to 7 billion tonnes in 1997. CFC (chlorofluorocarbon) concentrations rose from zero to three parts per billion, causing holes in the protective ozone layer at the North and South poles.”

Desesperador?

Imagine quando nos aproximarmos de 2050 e nossa população mundial subir de 6 bilhões de pessoas para algo próximo de 20 bilhões (a estimativa, algo perto de 3 vezes a atual) e os recursos do planeta que já estão se esgotando deixarem de existir. Complicado pensar em soluções pra tudo isso.

O Design sem dúvida é um dos caminhos, mas a conscientização das pessoas sobre o que realmente pode acontecer com o final de suas vidas sem dúvida seria um lembrete luminoso sobre como economizar energia, evitar ao máximo resíduos, separar e reciclar lixo, investir em produtos, materiais, processos e bens de consumo que priorizem a idéia de baixo dano ao meio ambiente.

Difícil levar a sério sem ter essa noção exata do que nos espera. Mas será que é possível ignorar um alerta tão claro como esse?

sábado, 15 de setembro de 2007

Que país é esse?

Depois da palhaçada do senado dessa semana, só deu pra lembrar dessa música...

*por Renato Russo

Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Que pais é este?

No Amazonas, no Araguaia, na Baixada fluminense
No Mato grosso, nas Gerais e no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que pais é este?

Terceiro Mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão.

Que pais é este?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Videos

pra marcar presença...
Propagandas de Seguro







segunda-feira, 20 de agosto de 2007

O elogio do Amor Puro*

O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. (...)

O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra.

Miguel Esteves Cardoso
*retirado de "O Crime de Laio"

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Madrugada

4:00 hs da manhã
já passando do coração da madrugada, e tantas janelas ainda (ou já) acessas com movimento. Curioso. A vida realmente não para.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Desabafo

Sabem aquele comportamento padrão - que algumas pessoas assumem - de se mostrar revoltado com tudo e com todos, distribuindo golpes em todas as direções, sem levar em conta o que realmente importa nesta vida?

Na maior parte do tempo eu ignoro.

...

Mas tem horas que eu odeio...

terça-feira, 7 de agosto de 2007

Mundo Perfeito

10 Itens pra vida ser mais fácil (ou devaneios pós dia de escravo):

1. Botão de "pause" que afete o tempo, praqueles momentos de preguiça opresiva em meio a dias agitados.

2. Vale-carona, pra agilizar as coisas quando se está atrasado e o ônibus não passa.

3. Poesia engarrafada, pra quando faltar inspiração.

4. Fondue de chocolate, para sábados frios.

5. Colo de mãe, pra momentos de tristeza e depressão desmedida.

6. Travesseiro com perfume da cara metade, pra noites frias e solitárias em que as preocupações não nos abandonam e o sono não vem.

7. Pílulas de música, pra aulas chatas intermináveis de professores carrancudos.

8. Cornucópia de literatura, pra manter o nível da mente sem esvaziar o do bolso.

9. Sorvete, pra todo sábado caloroso.

10. Óculos perspectivos, pra ver a vida mais leve.

A lista continuaria infinita, cada minuto do meu dia exigiria soluções descabidas dessas. quem dera pensamento positivo realmente fosse capaz de alterar as coisas...

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Pânico

Estava aqui finalizando um trabalho e vendo o jornal da Globo quando me bateu um pânico.
Caiu um avião da TAM em São Paulo, saído aqui de Porto Alegre (acompanhei a notícia desde o acontecido, no final da tarde de hoje), e de repente me ocorreu que uma amiga minha muito querida estava viajando hoje pra lá. Fica um aperto no peito agora. Se não fosse tão tarde ligaria pra ela pra saber se está tudo bem. Amanhã vou fazer isso assim que o horário ficar viável. Que medo. Que tragédia esse tipo de acontecimento...

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Bizarrice

Estou a mais de 36 horas sem dormir e, no entanto, não creio já estar delirando. É impressão minha ou agora tem dois partidos novos fazendo propaganda na Tv: Democrata e Republicano. Tô me sentindo numa série de TV americana!

O jogo das cadeiras (e dos nomes, apostando com sucesso na falta de memória dos eleitores) da política brasileira é mesmo surpreendente. Não sei o que estou fazendo ainda aqui, estudando pra ganhar pouco.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Mensagem Póstuma

Nem vou comentar o hiato, ia me sentir repetitivo demais. Vamos ao post:

Hoje recebi uma mensagem assustadora - ou talvez deva dizer bizarra. Um email póstumo de uma amiga que faleceu no final de maio, e que deixou a mensagem para ser enviada pela família.

Gelei na hora. Não sei bem o que pensar a respeito.

Ela era super jovem, da minha idade, fiquei me perguntando o que eu faria se descobrisse ter um tempo curto de vida. Pânico. Não me sinto desapegado o suficiente pra encarar isso. Sei lá. As idéias andam bem confusas na minha cabeça por essses tempos. Acho que a vida é mais ou menos assim. Temos sempre muitas certezas, a cada momento, mas essas certezas não costumam durar muito mais do que o próprio momento, mudam, desaparecem, vão e voltam.

Não sei se foi uma boa voltar a postar com um assunto tão trash, eu tinha outros, ainda os tenho guardados aqui, mas foi um impacto momentâneo e sobre o qual eu tinha que fazer algo.

Plagiando um pouco da mensagem, não sei se ela estará num lugar melhor ou pior do que este, ou se estará em lugar nenhum, nem sei se ela viveu o suficiente, se aproveitou tudo da melhor forma. Só sei que, independente do tempo que eu tiver aqui, seja 30, seja 80, acho que vou sempre me sentir incompleto e despreparado na hora de partir.

Fique com Deus, Camila.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Distância

Nossa, 3 semanas e meia sem post. Nem parece tanto.
Novidades: Mudei de casa. Melhor que isso, mudei para a minha casa. Minha no sentido possessivo da palavra (afinal, a antiga também era minha, em termos): Minha! Minha casa! Meu apartamento! Não canso de dizer isso. É indescritível a sensação de ter uma casa nossa. Ando meio palhaço com isso. Deslumbrado. Também ando muito cansado e cheio de problemas colaterais. Primeiro a mudança e a bagunça. Agora uma luz cortada no meio da semana e eu aquui, virando noite na radar pra conseguir terminar trabalhos. Mais milhões de trabalhinhos de faculdade chatos, chatos... enfim, nada de tão novo (a não ser a notícia da casa), mesma vidinha simples de sempre, apenas uma felicidade constante que não se dissipa (e espero que nem o faça tão cedo), e muitos ajustes e retoques e planos e pesquisas sobre como transformar meu lar num bom lar.

Espero que todo mundo que passe por aqui esteja bem, e mandem notícias. Prometo voltar à atividade agora que as coisas devem se acalmar.

domingo, 22 de abril de 2007

Eco + logia

As pessoas não tem consciência do dano que causam ao meio ambiente.
Pior: elas acreditam que o problema não existe ou não irá afetá-las.
Mal sabem que nosso planeta já está mais do que condenado.

Será muito difícil economizar água, energia e separar (e lavar) o lixo seco do orgânico?

Até parece que a garantia de sobrevivência pras futuras gerações é um prêmio muito pequeno pra uns poucos minutos de dedicação ao dia.

Pense nisso. Faça sua parte.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Só não deixe...

... a faculdade atrapalhar seus estudos.

by Malvados Inc.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

da série...

como saber quando estamos estressados demais:

o cabelo precisa ser cortado fazem semanas (e o look já está hippie) mas ainda não sobrou espaço na agenda... nem nas próxiams duas semanas...

quinta-feira, 5 de abril de 2007

vontade

Hoje o dia está insuportável...

vontade de deitar num gramado verde e fresco e ficar assim, olhando o céu...

sexta-feira, 30 de março de 2007

Carta anônima

Tenho trabalhado tanto, mas penso sempre em você. Mais de tardezinha que de manhã, mais naqueles dias que parecem poeira assentada aos poucos e com mais força enquanto a noite avança. Não são pensamentos escuros, embora noturnos. Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. Se não dormisse cedo nem estivesse quase sempre cansado, acho que esses pensamentos quase doeriam e fariam clack! de madrugada e eu me veria catando cacos de vidro entre os lençóis. Brilham, na palma da minha mão. Num deles, tem uma borboleta de asa rasgada. Noutro, um barco confundido com a linha do horizonte, onde também tem uma ilha. Não, não: acho que a ilha mora num caquinho só dela. Noutro, um punhal de jade. Coisas assim, algumas ferem, mesmo essas que são bonitas. Parecem filme, livro, quadro. Não doem porque não ameaçam. Nada que eu penso de você ameaça. Durmo cedo, nunca quebra.
Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Quando não encontro lugar para sentar, o que é mais freqüente, e me deixava irritado, descobri um jeito engraçado de, mesmo assim, continuar pensando em você. Me seguro naquela barra de ferro, olho através das janelas que, nessa posição, só deixam ver metade do corpo das pessoas pelas calçadas, e procuro nos pés daquelas aqueles que poderiam ser os seus. (A teus pés, lembro.). E fico tão embalado que chego a me curvar, certo que são mesmo os seus pés parados em alguma parada, alguma esquina. Nunca vejo você - seria, seriam?
Boas e bobas, são as coisas todas que penso quando penso em você. Assim: de repente ao dobrar uma esquina dou de cara com você que me prega um susto de mentirinha como aqueles que as crianças pregam umas nas outras. Finjo que me assusto, você me abraça e vamos tomar um sorvete, suco de abacaxi com hortelã ou comer salada de frutas em qualquer lugar. Assim: estou pensando em você e o telefone toca e corta o meu pensamento e do outro lado do fio você me diz: estou pensando tanto em você. Digo eu também, mas não sei o que falamos em seguida porque ficamos meio encabulados, a gente tem muito pudor de parecer ridículos melosos piegas bregas românticos pueris banais. Mas no que eu penso, penso também que somos meio tudo isso, não tem jeito, é tudo que vamos dizendo, quando falamos no meu pensamento, é frágil como a voz de Olívia Byington cantando Villa-Lobos, mais perto de Mozart que de Wagner, mais Chagal que Van Gogh, mais Jarmush que Win Wenders, mais Cecília Meireles que Nelson Rodrigues.
Tenho trabalhado tanto, por isso mesmo talvez ando pensando assim em você. Brotam espaços azuis quando penso. No meu pensamento, você nunca me critica por eu ser um pouco tolo, meio melodramático, e penso então tule nuvem castelo seda perfume brisa turquesa vime. E deito a cabeça no seu colo ou você deita a cabeça no meu, tanto faz, e ficamos tanto tempo assim que a terra treme e vulcões explodem e pestes se alastram e nós nem percebemos, no umbigo do universo. Você toca minha mão, eu toco na sua.
Demora tanto que só depois de passarem três mil dias consigo olhar bem dentro dos seus olhos e é então feito mergulhar numas águas verdes tão cristalinas que têm algas na superfície ressaltadas contra a areia branca do fundo. Aqualouco, encontro pérolas. Sei que é meio idiota, mas gosto de pensar desse jeito, e se estou em pé no ônibus solto um pouco as mãos daquela barra de ferro para meu corpo balançar como se estivesse a bordo de um navio ou de você. Fecho os olhos, faz tanto bem, você não sabe. Suspiro tanto quando penso em você, chorar só choro às vezes, e é tão freqüente. Caminho mais devagar, certo que na próxima esquina, quem sabe. Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vezemquando até sorrio e fico passando a ponta do meu dedo no lóbulo da sua orelha e repito repito em voz baixa te amo tanto dorme com os anjos. Mas depois sou eu quem dorme e sonha, sonho com os anjos. Nuvens, espaços azuis, pérolas no fundo do mar. Clack! como se fosse verdade, um beijo.

Caio Fernando Abreu
O Estado de S. Paulo, 16/03/88
Pequenas Epifanias

quinta-feira, 29 de março de 2007

Perfil

coisas pra se escrever sobre nós mesmos*
(retirado de um perfil do orkut hoje cedo - de uma amiga - mas fazendo algum sentido - ou graça)

*algumas partes retiradas...

"confesso:
  • sou tímida (ok... sei que não parece, mas estou confessando, lembra?) ...
  • sou chorona... choro quando fico triste, quando fico alegre, quando fico brava...
  • sou romântica, embora eu teime em afirmar o contrário...
  • eu acredito no amor, sim e mais : espero o “grande amor” , mesmo que o chico sambe que é mentira e minha mãe diga que nunca vou encontrar porque “não me contento com nada”...
  • espero por uma linda declaração de amor, seguida de um pedido de casamento, como em um filme, mesmo que eu espalhe aos quatro ventos que nunca me casarei... e é claro que já desenhei meu vestido de noiva! :)
  • tenho medo de ficar sozinha pra sempre, mas contraditoriamente, sempre quero ficar sozinha...
  • acredito piamente no que as pessoas me falam e sempre acho que a viúva do milionário é inocente no assassinato dele, até que provem o contrário...
  • acho muito charmoso ter insônia mas durmo com a maior facilidade... :(
  • gostaria muito de ser escritora, ou pintora, ou fotógrafa, mas sou arquiteta...
  • quase sempre acho que escolhi a profissão errada... a exceção são os momentos em que tenho certeza disso!
  • tenho o vício “de insistir nessa saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi”...
  • acho que sou muito criativa e talentosa, mas trabalho em um empreguinho normal, na frente do computador, 8 horas por dia...
  • tenho imagens mentais... exemplo: quando ouço Ritchie cantar “um abajur cor de carne...”, logo imagino um abajur cheio de bifes na cúpula...
  • tenho a constante sensação de que nasci na época errada...
  • sempre li muito, mas desde que mudei pra porto alegre não estou ledo nada... isso alimenta meu hábito de não terminar de ler meus livros e já comprar livros novos...
  • começo as coisas e não termino...
  • penso muita besteira e nem sempre meu filtro funciona, por isso, acabo falando mesmo...
  • falo sozinha...
  • tenho crises de loucura e saio pulando e cantando, não importa onde eu esteja..."

Sem querer tirar ela pra palhaça - afinal me identifiquei com muuuuuita coisa - , mas nada como rir e fazer rir apenas olhando pra nós mesmos.

terça-feira, 27 de março de 2007

...

"When the child was a child, it was the time of these questions. Why am I me, and why not you? Why am I here, and why not there? When did time begin, and where does space end? Isn't life under the sun just a dream? Isn't what I see, hear, and smell just the mirage of a world before the world? Does evil actually exist, and are there people who are really evil? How can it be that I, who am I, wasn't before I was, and that sometime I, the one I am, no longer will be the one I am?"

Damiel in Wim Wenders' Wings of Desire

sábado, 24 de março de 2007

O colecionador*

*de John Fowles, 1963 (Edição Grandes Sucessos - Editora Abril Cultural, 1980.)

Acabei há alguns minutos, aproveito a folga que o render me dá para transcrever alguns trechos aqui. Para quem não conhece a história, é difícil explicar, devido a complexa estrutura do texto. Confesso que esquanto lia a primeira parte do livro, achava-o fraco. Quando chegou a segunda parte - o diário de Miranda, de onde retirei todas estas passagens - fiquei surpreendido e envolvido pela narração). O livro conta a história de Frederick Clegg (um colecionador de borboletas), apagado funcionário público que se torna de repente dono de uma fortuna e passa a ter uma grande ambição: sequestrar e manter junto de si a bela Miranda, objeto de contemplativo e sôfrego amor platônico.

Recomendo o livro, vale muito a pena.

pag 164
"...
Eu sabia que fora uma história ridícula, mesmo de mal gosto.Calibã não respondeu, continuando a olhar para o chão.

"Agora é sua vez de contar uma história", disse-lhe eu.


Calibã disse apenas: "Gosto tanto de você..."


E não havia dúvida, tinha mais dignidade do que eu, e senti-me pequena, mesquinha. Estava sempre a odiá-lo, a provocá-lo, a troçar dele, e nunca procurei esconder meus sentimentos. Que estranho! Ficamos sentados um em frente do outro e senti algo como se estivesse muito próxima dele, algo, de resto, que já sentira antes - não se tratava de amor, atração ou simpatia, isso sabia eu. Algo como uma união de destinos. Como se estivessemos os dois abandonados numa ilha deserta, numa jangada - juntos. Não querendo estar juntos, mas juntos...


Sentia também, terrivelmente, a tristeza da sua vida. E a tristeza das vidas de sua miserável tia e prima, dos parentes da Austrália. O tremendo peso morto de uma tal família. Lembrei-me daqueles desenhos de Henry Moore das multidões amorfas nas plataformas subterrâneas do metrô durante os bombardeios em Londres. Pessoas que não viam, que não sentiam, que nunca tinham dançado, desenhado, chorado ao som da música, que não sabiam o que era sentir o mundo, o vento do oeste. Pessoas que, no verdadeiro sentido, não existiam.


Só aquelas palavras, ditas e sentidas: Gosto tanto de você...


Palavras sem esperança, que ele dissera, como poderia ter dito: tenho um câncer.


O seu conto de fadas.

..."

pág 190
"...
Tenho estado aqui sentada, pensando em Deus. Não creio que continue acreditando em Deus. Não se trata apenas de mim. Penso que todos os milhões de pessoas que estiveram prisioneiras durante a guerra devem ter sentido o mesmo. Todas as Anne franks. E durante toda a História. O que penso saber agora é que Deus não intervém. Deixa-nos sofrer. Quem reza pela liberdade, pode sentir certo alívio só pelo fato de rezar, ou porque acontece qualquer outra coisa que lhe traz a liberdade, que a traria de todas as maneiras. Mas Deus não nos pode ouvir. Não tem nada de humano, como seja, ouvir, ver, ajudar, ter piedade. É possível que Deus tenha criado o mundo, bem como as leis fundamentais da matéria ou da evolução. Planejou-o de forma a que certos indivíduos sejam felizes, outros tristes, alguns com sorte, outros não. Não sabe quem é triste e quem não o é, não sabe e não se preocupa. Assim, na realidade, não existe.

Estes últimos dias tenho-me sentido em Deus. Senti-me também mais lúcida, menos cega, mais sã. Continuo acreditando num Deus. Mas é tão remoto, tão frio, tão matemático. Compreendi que temos de viver como se Deus não existisse. Rezas, missas e hinos religiosos - tudo tão estúpido e inútil.

Estou tentando explicar porque decidi esquecer os meus princípios (sobre nunca cometer violências). Ainda acredito nesse princípio, porém, vejo que, por vezes, é preciso violá-lo para sobreviver. Não vale a pena confiar vagamente que a sorte, a Providência ou Deus sejam bons para conosco. Temos de agir e lutar para nos defendermos...


O céu está completamente vazio. Maravilhosamente puro e vazio.

Como se os arquitetos e os construtores pudessem viver em todas as casas que construíram! Ou pudessem viver nelas todas. É tudo tão óbvio... Deve haver um deus, mas não pode saber tudo a nosso respeito.


...


Calibã não é humano; é um espaço vazio disfarçado de humano.

..."


pág 192
"...
Aqui embaixo, as minhas disposições mudam muito depressa. Decido fazer uma coisa, proceder de uma maneira, e, na hora seguinte, mudo completamente.

Não vale a pena. Não sei odiar. É como se em mim houvesse uma pequena fábrica de boa vontade e generosidade produzindo todos os dias e tenho de expulsar uma boa dose do produto cá pra fora. Se conservasse tudo dentro de mim, então explodiria, com certeza!
..."

pág 198
"...
Quanto medo tinha eu de morrer naqueles primeiros dias! Não quero morrer, porque estou sempre pensando no futuro. Sinto-me desesperadamente curiosa quanto ao que o futuro me trará. Que me acontecerá? Como me desenvolverei? Que serei eu dentro de cinco anos? De dez? De trinta anos? Gostaria de saber quem será o meu marido, em que lugar viverei, que países virei a conhecer. Filhos... Não se trata apenas de uma curiosidade egoísta. Esta é a pior época possível para se morrer. Viagens espaciais, a ciência, o mundo desperto e ampliando-se. É o começo de uma nova era. Sei que é perigosa. Mas é maravilhoso estar-se vivo dentro dela.

Amo, adoro a minha era.

Não paro de pensar, hoje... Um dos meus pensamentos foi: os homens que nada criam, quando tem a possibilidade de criar, podem ser considerados homens maus.

O próximo pensamento foi: matá-lo seria como destruir tudo aquilo em que acredito. Muitas pessoas diriam que eu fizera bem, que o fato de ter ido contra os meus princípios não tinha grande importância. Mas todo o mal do mundo é feito por ações e atitudes que, de início, pouca ou nenhuma importância tiveram. É ridículo falar da falta de importância de certas ações. As pequenas ações e o oceano são coisas iguais.
..."

pág 212
"...
Um pensamento estranho: eu não desejaria que isto não tivesse acontecido. Porque, se fugir, serei uma pessoa completamente diferente e, creio, muito melhor. E, se não conseguir fugir, se acontecer alguma coisa de horrível, saberei do mesmo modo que a pessoa que eu era e que teria continuado a ser, se isso não tivesse sucedido, não seria realmente a pessoa que agora desejo ser.
..."

terça-feira, 20 de março de 2007

Malaquias no Jardim*

*poema copiado as pressas, do ônibus.

A palavra de cabelo em pé
das tuas estrofes
entrelaçadas de flores
é o doce mais doce.
Um anjo de Trebizonda
lambe a asa no quintal da poesia.
Então despertamos de tudo
- inclusive do amor,
o beijo no espelho
A vida, quieta e apertadinha concha
A alma, colcha de retalhos
onde despertar estrelas
e conhecer o canto de Aldebarã.

Mario Pirata

terça-feira, 13 de março de 2007

Curiosidade

Sumiço repentino, viradas e guinadas, faculdade nova, novas amizades, novas experiências.
O curioso? Como a gente pode conhecer pessoas de um dia pro outro e ter a sensação de que as conhece de muito mais tempo?

sábado, 3 de março de 2007

Marketing Pessoal

A notícia é velha, mas achei que tinha perdido o link.
Nada como sair no jornal...

pra quem quer economizar o link: é uma matéria sobre os formandos da UCS (Universidade de Caxias do Sul), e duas das imagens selecionadas pra ir pro jornal são minhas (lá da Radar):



Midiateca Municipal de Caxias do Sul (acima), projeto de Viviane Rech; Sede de Projeto Ambiental (abaixo), projeto de Eduardo Scain.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

desculpa perfeita

pra recusar um prato sem ser mal-educado:

"Sou alérgico!"

Entre pessoas religiosas também vale o "fiz promessa".
Mas contra alergia - sem dúvida - não há argumentação.

idéia tirada do descafeinado, por favor.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Reverso

As vezes queremos muito alguma coisa, nos esforçamos, brigamos com meio mundo (inclusive com o ego, a natureza, o universo) e mesmo que o tempo passe além da conta e todas as vozes gritem contra, chegamos lá. Nada melhor que colher os louros e receber as felicitações.

Mas e quando o processo se inverte? Quando depois da conquista vamos perdendo terreno pros descuidos, pra rotina, nos desgastando nos dias longos, tristes, vazios? E voltamos ao começo, ou antes do começo. Obvio que ninguém nos despeita. Mas em algum momentos cai a ficha e vem a vergonha, a frustração e a consciência de que somos impotentes na maior parte do tempo. Ou talvez impotentes enquanto ignorantes desse anticlimax (ou fundo do poço). A vantagem é que quando nos damos conta, a única saída é pra cima...

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Máxima do domingo

A vida parece a construção de castelos de areia: suficientemente boa e suficientemente segura enquanto o vento não está árido demais para levar os grãos e a maré não está alta demais para arruinar a base.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Carnaval e afins

Nossa...
Sem posts desde janeiro
e hoje já é dia 15.
Trash isso,
mas a semana está looooonga,
os compromissos são muitos
e mal tenho dormido.
Trabalho e mais trabalho,
quase inacreditavel isso
em fevereiro.
Ainda que muito trabalho
não seja remunerado.
E alguma diversão (bem pouca:
leitura - xadrez - música
:apenas nalgumas brechas)

Seguindo conselhos
dos comments do post anterior,
fica um videozinho engraçado,
de um concurso de filmes caseiros.

E bom carnaval pra todos!


"How to Made a Nice Music Recipe"

domingo, 28 de janeiro de 2007

Aniversário

Ganhei - no balanço final - praticamente só livros.
Será que ando (aparentemente) muito nerd?

ps.: isso não é uma reclamação, apenas uma constatação
Pois eu definitivamente prefiro ganhar livros, hahahahaha.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

tempo

Grande mentira aquele ditado que diz que as pessoas não mudam. Os anos passam e a cada dia me sinto uma pessoa completamente diferente. Hoje, véspera da véspera de aniversário, várias reflexões desses últimos tempos, de tudo o que anda acontecendo aqui dentro, afloraram como se tivessem vida própria.

A idade está me deixando mais sensível e emotivo. Surpreende-me a quantidade de vezes em que me sinto frágil, apesar de (tentar) não demonstrar isso. Surpreende-me o arrepio que nasce na nuca e desce até se perder por todo o corpo, e que não acontecia antes. Surpreende-me a percepção mais aguçada. Vejo cada vez mais coisas que antes eu não via. Sei identificar intenções sutis nos comportamentos alheios e ler (talvez até equivocadamente) o que gestos camuflados ou sufocados querem dizer.

Tenho muitas dificuldades aparecendo também. Está cada vez mais difícil resistir às tentações do mundo. Está cada vez mais difícil me manter saudável. Cada vez mais difícil combater a lascívia. E conciliar todo o turbilhão de acontecimentos, sensações, pensamentos, pessoas... Sinto-me bem com tudo isso. Sinto-me bem com a idade.

Não quero que isso mude. Eu gosto da vida intensa. Gosto do excesso, da sobrecarga. Sou o tipo de pessoa que funciona bem sob pressão, quando a vida corre alucinada. Ainda que de tempos em tempos precise de férias de mim mesmo (e nem assim consiga tirá-las).

Meu único pecado (e talvez seja bom jogar a culpa na idade) é que com o tempo, aumentam as exigências. Com o tempo certas coisas não bastam mais. Tenho um pouco de medo disso. Tenho um pouco de medo de chegar lá adiante e descobrir que não segui o caminho certo, ainda que não exista um caminho. De me tornar exigente demais, avarento, obsessivo. Às vezes já me acho obsessivo. Às vezes olho no espelho e já vejo o que eu não queria. E em geral sinto que certas forças que eu tinha já se foram e não voltam mais. Em geral sei que o tempo não vai ser suficiente. Porque temos que passar por isso?

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Why do you blog?

Responda ao questionário e concorra a um iPod shuffle
(em Inglês)

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Bixo Design de Produto UFRGS 2007

Aeeeeeee, sorriso de orelha a orelha, vida leve, vou sair pra comemorar.
Valeu o esforço, enfim. Agradecimentos especiais pra minha mãe que esteve junto nos dias de prova! E a todos que torceram pra que isso acontecesse. Agora é esperar o trote.

ps.: post script mas não por isso menos importante: RÊ!!!! valeu o livro!!! ;)

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Duplipensar

Engraçado como a vida imita a arte - ou vice versa.
Acabei agora há pouco (num recorde de tempo, pois comecei ontem) de ler o 1984.
e sinto um misto de esclarescimento e decepção. Talvez seja esta a característica das grandes obras que misturam ficção e realidade, a de nos fazer questionar um pouco o que vemos dia após dia mas que, lá no fundo, nos recusamos a acreditar (talvez pela impotência diante dos sistemas, ou o sentimento dela).

Porque será que me lembro tanto do Brasil (e noutra escala do mundo como um todo, politica e economicamente) quando leio isto?

"Desde que começou a escrever a história, e provavelmente desde o fim do Período Neolítico, tem havido três classes no mundo, Alta, Média e Baixa. Têm-se subdividido de muitas maneiras, receberam inúmeros nomes diferentes, e sua relação quantitativa, assim como sua atitude em relação às outras, variaram segundo as épocas; mas nunca se alterou a estrutura essencial da sociedade. Mesmo depois de enormes comoções e transformações aparentemente irrevogáveis, o mesmo diagrama sempre se reestabeleceu, da mesma forma que um giroscópio em movimento sempre volta ao equilíbrio, por mais que seja empurrado deste ou daquele lado. Os objetivos desses três grupos são inteiramente irreconciliáveis. O objetivo da Alta é ficar onde está. O da Média é trocar de lugar com a Alta. E o objetivo da Baixa, quando tem objetivo - pois é característica constante da Baixa viver tão esmagada pela monotonia do trabalho cotidiano que só intermitentemente tem consciência do que existe fora de sua vida - é abolir todas as distinções e criar uma sociedade em que todos sejam iguais. Assim, por toda a história, trava-se repetidamente uma luta que é a mesma em seus traços gerais. Por longos períodos a Alta parece firme no poder, porém mais cedo ou mais tarde chega um momento em que, ou perde a fé em si própria ou sua capacidade de governar com eficiência, ou ambas. É então derrubada pela Média, que atrai a Baixa ao seu lado, fingindo lutar pela liberdade e a justiça. Assim que alcança sua meta, a Média joga a Baixa na sua velha posição servil e transforma-se em Alta. Dentro em breve, uma nova classe Média se separa dos outros grupos, de um deles ou de ambos, e a luta recomeça. Das três classes, só a Baixa nunca consegue nem êxito temporário na obtenção de seus ideais."

Ah, e acrescentando: a linguagem é muito acessível e fluida e apesar do livro parecer um tanto sureal, eu recomendo.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

1984

Retomando as leituras - agora que a vida anda mais leve - com George Orwell, 1984:

"O melhor era matar-se antes de ser apanhado. Sem dúvida havia gente capaz disso. Com efeito, muitos dos desaparecidos eram suicidas. Mas era preciso coragem desesperada para se matar num mundo em que era impossível obter armas de fogo, ou veneno rápido e certo. Pensou, com uma espécie de assombro, na inutilidade biológica da dor e do medo, na traição do corpo humano que sempre se congela na inércia, no momento exato em que dele se exige esforço especial. Poderia ter silenciado a moça morena se conseguisse agir com rapidez, mas precisamente por causa do perigo extremo que corria perdera a capacidade de agir. Ocorreu-lhe que em momentos de crise, nunca se luta com um inimigo externo, mas com o próprio organismo. Mesmo agora, apesar do gin, a dor surda do ventre tornava impossível dois pensamentos consecutivos. E é o mesmo em todas as situações aparentemente heróicas ou trágicas. No campo de batalha, na câmara de tortura, num navio que naufraga, as causas por que lutamos são sempre secundárias, esquecidas, porque o corpo incha, e se infla até ocupar todo o universo, e mesmo quando não nos paralisa o medo, nem gritamos de dor, a vida é uma luta, minuto a minuto, contra a fome, o frio, a insônia, contra uma dor de estômago ou de dentes."

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Sumiço

Sim, eu sei, nada de escrever ou aparecer aqui, mas eu explico: vestibular 2007 para Design de Produtos na UFRGS. Vegetei durante 5 dias. Até onde deu pra avaliar, eu passo. Agora é esperar o listão dia 20 e torcer pra não acontecer nada excepcional com os candidatos do meu curso neste ano, e quem sabe voltarei a ser estudante e desfrutar alguns dos benefícios que cursar algo na federal oferece. Se acontecer, 2007 começou muito bem.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Saldo de reveillon

É...

2007...

Difícil acreditar. Acho que o tempo anda fazendo mais coisas em mim do que apenas envelhecer.

Esse texto imita o título de um anterior, e talvez no final acabe tão vazio quanto ele, perto de tudo que eu realmente queria dizer, de tudo que eu senti verdadeiramente, e que nesta hora frente a tela branca acaba reduzido a poucas palavras, se perdendo da idéia original.

Será que acontece apenas comigo ou a idade vai nos deixando mais sensíveis, mais manteiga derretida? Sim. Estou mais mole. Ando me comovendo muito facilmente com as coisas. Também estou mais afiado (ainda) para perceber as pessoas. Outro balanço de final de ano. Nada difícil quando se está quase febril e de cama, com tempo pra pensar nas coisas. Também tenho mais saudade da minha família. Minha mãe especialmente.

Esse reveillon foi um dos mais fracos que já passei. Talvez pela febre, talvez pela distância da familia, mas principalmente pelo comportamento das pessoas em volta. Pela consciência triste ao olhar os telhados da cidade lá do alto e lembrar que muita gente estaria sozinha, ao ouvir as conversas em volta e só perceber egoismo, desprezo pelos outros e pouco caso.

2007 chegou bem, boas previsões, boas perspectivas, espero realmente que não seja apenas a maneira sempre esperançosa do ser humano de sonhar com um futuro melhor. Eu pretendo fazer a minha parte, seja pra minha vida pessoal melhorar, seja para a coletividade. Espero que todas as pessoas comecem a pensar um pouco mais nisso.