terça-feira, 31 de outubro de 2006

Exagero

Não sei se me adapto ou se me apavoro: as pessoas andam cada dia mais hiperbólicas (será que a palavra existe? Se não existir, eis um neologismo). E esse comportamento deixa apenas uma sensação de falsidade, de vazio nas palavras.

Explico: hoje presenciei uma demonstração de afeto - uma declaração de amor e amizade, mais pra amizade - completamente carnavalesca. Um jeito afetado completamente descartável.

Me acostumei a condensar aquilo que eu sinto - e sinto a maioria das coisas de uma maneira tão intima, tão introspectiva e limitada - que tento demosntrar isso com meu comportamento, e nalgumas situações indispensáveis, com palavras, poucas, simples, com densidade.

Sei, existem pessoas diferentes, jeitos diferentes, sentimentos diferentes, e que muitas vezes significam a mesma coisa. Mas quando a necessidade de espalhafato é muito grande, fica visível que a aparência que o ato vai ter para o mundo todo, para todos que vêem de fora, é mais importante que o ato em si e que a pessoa que o recebe.

Me classifico entre as pessoas que, ao receber uma mensagem daquelas com carro de som, balões e escandalo, provavelmente romperia para sempre os laços...

Serei de outro planeta?

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

idéias soltas

Post completamente prático, nada literário nem reflexivo, devaneios sem ordem ou sentido, fluindo agora...

O cansaço toma conta e minha vontade é ir dormir neste exato momento. O que deu em mim? Não sei. Acho que ando aprendendo a aproveitar as coisas até o tênue limite em que elas se tornam entediantes. Neste ponto eu paro e mando tudo pro espaço. É um perigo!

A Feira do livro começou sexta. Está interessante, mas definitivamente minha situação financeira não está das mais favoráveis. E a pilha de livros anda muito grande, medo de aumentá-la e não dar conta. Mesmo tendo deixado dois livros do Caio pra trás por meros 24 reais (oh dor, ainda volto lá pra comprá-los). A única coisa insuportável dessa feira é o clima de Porto Alegre por esses dias (inferno na terra durante a tarde) ou os acotovelamentos de pessoas nas bancas (durante a noite)

Janeiro se aproxima e com ele uma possível guinada: vestibular pra faculdade de design da UFRGS. Devo estar doido, mas enfim, eu gosto de me sentir assim.

Comecei a cogitar uma possibilidade mais maluca: fechar meu apartamento e ir-me embora daqui. De Porto? Do Rio Grande? Do Brasil? Qualquer um dos três, ou nenhum deles. Acho que preciso levar a idéia mais a sério e quem sabe se surgir alguma chance...

Outra possibilidade maluca: procurar alguém pra dividir apartamento. Já tive uma proposta recente de uma ex-colega de faculdade que queria se mudar urgente, já deve inclusive ter se mudado hoje, mas enfim, começo a pensar que talvez minha vida fosse mais interessante se voltasse a dividir apartamento: nunca vivi algo próximo de um seriado tipo friends nos meus quase 7 anos morando com amigos, parentes, conhecidos e até completos estranhos, mas quem sabe uma hora não acontece ;) Financeiramente é uma mão na roda (ou o inverso é o inverso, whatever)

Novembro se aproxima e o medo do perigo também. Já são 5 trabalhos acumulados para 20 dias, e mais coisa surgindo. Será que eu me mato de trabalhar em nome do dinheiro? Sei não, ia fazer uma bela diferença na minha vida, mas ao mesmo tempo me sinto despreparado para sacrifícios do gênero ( e não, não é preguiça).

Ando cheio de idéias pra escrever, curiosamente estou usando um bloquinho que a Rê me deu, chiquetésimo, do MASP, pra anotar algumas idéias e um dia desenvolvê-las (a explicação do curiosamente vou ficar devendo, hahaha, só queria fazer esta referência). Algumas nem anotar seria preciso, não saem daqui (da cabeça). Mas toda vez que paro e sento e pego papel ou teclado, bate um cansaço, um peso na cabeça, nos ombros, é curioso me sentir assim, velho de espírito, justamente quando tenho o tempo. Devo estar piorando com a idade.

Cena pouco crível: sábado a tarde, eu sentado numa praça, lendo uma revista calmamente enquanto ouvia música anos oitenta, um calorzinho leve, um sol de primavera, uma brisa suave e refrescante. Obvio que não foi em Porto Alegre. Até poderia, mas não com o mesmo clima. Viagem a Bento tem suas vantagens, acho que preciso redescobrir algumas coisas da minha cidade natal...

Enfim, ótima semana a quem passar por aqui, melhor ainda a quem tiver coragem de ler tudo.
E se alguém estiver afim de um happy hour nestas noites quentes que se anunciam, me avise, ando precisando espairecer um pouco e o clima favorece.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Bed Jumping



*esta é uma semana de posts roubados, esse saiu do Cafeina

Qual é a primeira coisa que você faz quando entra em um quarto de hotel e vê aquela cama gigante e macia? Você não é o único… e já tem um monte de gente transformando esses instantes de diversão no movimento “Bed Jumping”.

domingo, 22 de outubro de 2006

Status

*retirado da terça insana (que via agora há pouco)

Status é comprar algo que você não quer
com o dinheiro que você não tem
pra fazer um monte de gente que você detesta
pensar que você é algo que você não é.

*ou qualquer coisa parecida

texto roubado...

Só deixo meu coração na mão de quem pode fazer da minha alma suporte para uma vida insinuante. Insinuante anti-tudo-que-não-possa-ser.
Bossa nova hardcore. Bossa nova nota dez.
Quero dizer, eu estou para tudo nesse mundo. Então só vou deixar meu coração, a alma do meu corpo, na mão de quem pode. Na mão de quem pode e absorve todo o céu, qualquer inferno. Inspiração de mutação, da vagabunda intenção de se jogar na dança absoluta da matança do que é tédio, conformismo, aceitação.
E eu fico aqui, vou te levando nessa dança sobre o mundo. Pode tudo do amor.
Porque eu não quero o teu ciúme, que é o cúmulo. Ciúme é o acúmulo de dúvida, de incerteza de si mesmo, projetado assim, jogado como lama anti-erótica na cara do desejo mais intenso de ficar com a pessoa.
Eu não tô à toa. Eu sou muito boa.
Eu sou muito boa pra vida. Eu sou a vida oferecida como dança. E eu não quero "te dar gelo". Diabos que o carregue. Eu sou muito boa.
Vê se aprende, se desprende. Vem pra mim que eu sou a esfinge do amor te sussurrando. Decifra-me, decifra-me.
Só deixo minha alma, só deixo o coração, só deixo minha alma na mão de quem pode.
Só deixo minha alma, só deixo meu coração na mão de quem ama solto.
Eu vou dizendo que só deixo minha alma, só deixo meu coração na mão de quem pode fazer dele erótico suporte pra tudo que é ótimo fator vital.


(Kátia B / Marcos Cunha)

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Quarta Insana

Nesta quarta uma programação diferente: Festa de aniversário no Hospício (São Pedro, pra quem conhece). Estranhamente foi a noite mais divertida da minha vida, ao menos daquelas que tenho lembrança (!?).

Existem certas experiências nesta vida que, mesmo que não sejam exatamente o esperado, adicionam muito. E definitivamente o tempo nos privilegia: ganhamos mais astúcia pra aproveitar esse tipo de situação impar.

Curioso como as situações revelam as pessoas...

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Do Crime

"... é uma bela e grande coisa a paixão" O amor é uma das grandes forças da civilização. Bem dirigida levanta um mundo e bastava para nos fazer a revolução moral... - E mudando de tom: - Mas escuta. Olha que isso às vezes não é Paixão, não está no coração... O coração é ordinariamente um termo de que nos servimos, por decência, para designar outro orgão. É precisamente esse órgão o único que está interessado a maior parte das vezes, em questões de sentimento. E nesses casos o desgosto não dura. Adeus, estimo que seja isso!"

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Eça de Queirós, vários desenlaces, várias interpretações cabíveis (no contexto).

Meus dias andam curtos e muito cheios mas pretendo parar e escrever em breve, prometo a mim mesmo, às idéias que andam vagando por aqui, anotadas numa beirada da mesa. Ler é a única coisa que ainda consigo de bom por estes curtos dias...

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Harriet

"sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes para abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu deus mas como você me dói de vez em quando."

um trecho... obviamente tinha que ser Caio...

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Em alguns momentos

me sinto capaz de criar algo realmente tocante e original.
Aí o momento muda. A tela - ou o papel - continua em branco...

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Minicontos

Pra quem ainda não soube, a unisinos está com um desafio literário de minicontos até 200 caracteres, quem estiver interessado, visite o Hotsite

Escrevi alguns deles, metade já publicado aqui no blog sem muita explicação, outros resgatados de posts bem antigos, editados, recauchutados, enfim, vou postar novamente aqui pra manter um arquivo ;)

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Epifania
Sentado junto à janela, com a máquina de escrever à sua frente, olhava sobre os telhados esperando por uma epifania. Mas as melhores palavras, os melhores contos, sempre eram impublicáveis.

Epifania II
Viveu aquela vida medíocre até descobrir que devia deixar as raizes para as árvores. Criou asas. E desde então o céu é o limite.

Vaidade
Com o frasco na mão, refletia frente ao espelho. A vaidade sempre lhe fora um veneno: ideal em doses ínfimas, letal aos imprudentes, certamente tinha algum parentesco com o cianureto.

Escuridão
Primeiro, medo. Aos poucos, os olhos se acostumam à penumbra. As formas se distinguem.O quarto (o mundo) está ainda aqui, exatamente o mesmo de antes. Infantil essa insegurança na hora de dormir.

Autofagia
Quando a literatura em volta escasseava, devorava as próprias entranhas, ruminava sentimentos, nutria-se de idéias secas armazenadas na alma. Arriscava consumir-se, mas provar de si mesmo compensava.

Esquecimento
Percebia seu próprio estado pelos vasos de plantas que tinha em casa. Quando murchavam de sede, era porque andava esquecendo de si mesmo.

Beta Blogger

E não é que fui selecionado como beta tester do Blogger?
Só posso dizer que aprovo todas as alterações e que a nova interface é humilhante.
Aderi de vez à Igreja Googleana....

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Bazar de Primavera

Ajudando a divulgar, a pedidos...

terça-feira, 3 de outubro de 2006

Palavras

As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado, será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu enleio vem de que um tapete é feito de tantos fios que não posso me resignar a seguir um fio só; meu enredamento vem de que uma história é feita de muitas histórias. E nem todas posso contar - uma palavra mais verdadeira poderia de eco em eco desabar pelo despenhadeiro as minhas mais altas geleiras. Assim, pois, não falarei mais no sorvedouro que havia em mim enquanto eu devaneava antes de adormecer.

C.L.

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Clarice sempre Clarice. Este é o texto que abre um dos livros que chegaram hoje, via correio, sobre a sensibilidade no texto publicitário. A escolha foi um tanto insegura, no escuro, mas creio que vou gostar muito do texto. E gostei mais ainda da abertura...

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

De fora

Existe uma experiência ímpar que só a tecnologia permite: Ver você mesmo de fora.
Este final de semana tivo o (des)prazer de ser filmado e me assistir depois. Estranho.
Não sei se foi a consciência da câmera, a situação, ou se sou assim o tempo todo (mais provável?), mas me achei estranho. Definitivamente sou diferente (demais) do que me imagino, um mau-ator-real pra meu próprio papel. Quem sabe preciso de alguma aulas de interpretação...