Enfocando uma realidade assustadoramente atual, Paternostro apresenta neste livro que combina cuidadosa pesquisa sociológica a suas próprias vivências pessoais, o incômodo retrato de uma sociedade que está pagando um preço alto pela própria ignorância e hipocrisia. E mostra ainda - a partir do relato de vários casos verídicos colhidos durante as suas viagens pelo continente - como nenhuma dessas situações é independente, como elas estão interligadas à natureza de nossa cultura, nosso governo e nossa religião. "

"O livro tenta esclarecer por que mais da metade dos lares pobres da América Latina são encabeçados por mães solteiras, por que as mulheres casadas estão correndo mais risco de contrair Aids do que uma prostituta, por que 80% das mulheres casadas que tiveram resultado HIV-positivo foram infectadas através do comportamento bissexual de seus maridos, por que a Igreja Católica está pondo as mulheres em risco ao proibir o uso de preservativos e a legalização do aborto."
O texto é explícido, sem papas na língua, a abordagem vai de chocante a assutadora, mas ajuda a compreender questões deixadas de lado pela sociedade e a ver melhor uma realidade disfarçada pela criação machista e religiosa que temos.
Abre a discussão falando da falta de orientação e educação sexual em toda a américa latina (e católica), da marginalização do papel da mulher (num passado recente, em parte ainda contemporâneo), de gravidez, aborto, prostituição, homosexualismo, sexo, desejo, diálogo, de autoconhecimento e comportamento humano.
Também alerta (em sua totalidade) para a importante questão da AIDS em uma época de liberação sexual disfarçada, principalmente no Brasil "ambíguo e contraditório" onde se acredita em uma "sociedade democrática e multicultural", mas que ao mesmo tempo nunca corresponde à realidade.
O mais assustador é avançar além do período de edição do livro (1998) e se deparar com a realidade atual ( principalmente) do Brasil, e com uma idéia vaga dos quadros das DSTs, principalmente a AIDS, e das estatísticas de gravidez adolescente, aborto, violência e marginalização das mulheres. É sociologia, mas do melhor tipo, porque revela a essência da cultura sexual da América Latina.
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