quinta-feira, 22 de junho de 2006

Roleplay

Hoje, de novo, algumas idéias me ocorreram, dessa vez no banho.
Tenho a sensação que quando consigo esvaziar minha cabeça de qualquer atividade, o fluxo de pensamentos ganha vida independente e chega a conclusões próprias e não pretendidas.

Já me dizia esses dias um prezado amigo: quanto menos coisas na cabeça, mais ela consegue criar. Certamente não era uma questão de repertório, mas de ocupação e cansaço emocional.
Tudo um equilíbrio entre ócio e ofício (c).

Enfim, o assunto é outro: Comportamento humano.

As pessoas agem do jeito que realmente desejam?

Minha opinião: a maioria nunca se revela completamente.
Na verdade o comportamento humano é extremamente definido pela aparência que queremos ter, pelo que queremos ser, e os grupos aos quais almejamos pertencer.

Assumimos um papel e tentamos interpretar. As vezes é o nosso papel, um papel fácil, tiramos de letra, noutras algo além da nossa capacidade.

O que ganhamos ou perdemos com isso? Rótulos. Por isso às vezes as pessoas pegam um papel que não é delas. Receber um rótulo desejável é ótimo. Receber um indesejável, terrível. Não receber nenhum, ofensivo.

Então as vezes é melhor enganar.
E como diz o ditado, você pode enganar muitas pessoas por pouco tempo, algumas pessoas por algum tempo, ou poucas pessoas por muito tempo. Faltou dizer que pode enganar a si mesmo por toda a vida.

Será que a troca vale a pena?

Essa sensação big brother me lembra de uma música do capital inicial, bobinha, mas que toca na ferida - quatro vezes você:

"O que voce faz quando
Ninguém te ve fazendo
Ou o que voce queria fazer
Se ninguém pudesse te ver"

Enfim, reflexões perdidas em mais uma noite fria.

6 comentários:

Unknown disse...

As pessoas acham que sou palhaça. Aos poucos, fui me convencendo disso. Deu no que deu.

renata disse...

não sei se concordo...
não quero ter aparência nenhuma...e nem me preocupa o que os outros acham que eu sou.
acho que rótulos só tem alguma relevância para quem está preocupado com eles...e eu, definitivamente, não estou :)
viva a terapia!

Anônimo disse...

Olá!

Pois é. Eu participei de uma palestra em que o palestrante falava da guerra EUA-Iraque, durante o FSM. Ele falou que a maioria dos americanos não apoiavam a iniciativa da guerra, porém, tinham medo de se expor, acreditando que seus vizinhos/amigos/parentes/etc tinham uma opinião favorável. E, por isso, para não serem julgados e nem ostracizados, acabou que havia uma sensação de que a maioria da população apoiava a guerra.

Ou seja, como você disse: tudo aparência.

Abraços!

Tiago

João Henriques disse...

será que nos podemos enganar a vida toda? desconfio que não. POr mais que aprendamos o nosso papel e o saibamos representar na perfeição, quando estamos sozinhos, uma consciência toma conta de nós.
Lá está... «o que faz quando ninguém te ve fazendo»? Eu contraponho: o que você é, quando ninguém está por perto? E Em que pensa?

Um abraço,
João

quebrando ovos disse...

Hum socialmente é comum mesmo ter as aparências não? acho que a maior parte das pessoas veste a camisa do que quer ser e sabe mais ou menos o que realmente é...
Uma grande parte nem ao menos sente a necessidade real de saber porque a camisa que vestem nelas cabe bem...resolve a problemática.... não sei ... vou pensar melhor depois...

Priscila_Artes disse...

interessante esse texto hein?! adorei... eu fico pensando muita besteira qdo estou sem fazer nada... e qto ao "se revelar completamente", como minha prima comentou uma vez comigo: "Somos um produto da sociedade". O que seríamos se não existissem pessoas para nos observar, e a partir disso, inventar um "eu"??... Abraços pra quem escreveu esse texto!!