sexta-feira, 27 de maio de 2005

"Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo."

.:*:.

Drummond é fantástico.

Esse foi tirado do livro de poesias que o Gil me emprestou.

.:*:.

Acho que vou pegar uma cachorrinha pra morar comigo.
Estão dando aqui perto do escritório.

Linda, minuscula, tão frágil e tão encantadora.

Penso em tudo que muda se ela for lá pra casa, mas aquele olhar baixo, meigo, aquelas patas frágeis tentando brincar com meus dedos que passavam pela grade da gaiola...

Sempre quis um cachorrinho.
Quando criança, meu pai não gostava.
Agora que eu tenho a minha casa, fico pensando no lado prático e tolhindo a vontade.
Não sei.
Deixei na mão do destino, acho.
Se a noite cair e ela aidna estiver lá, levo comigo...

Abraços, e bom final de semana.

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