Estou grogue de sono.
Talvez isso seja bom.
Este é um dos dois momentos em que minha mente viaja muito, a ponto de abstrair as coisas mais terrenas (ou se apegar ao máximo nelas) e chegar a idéias, concepções e conclusões totalmente doidas.
Ou totalmente certas.
O outro momento, é quando eu caminho sozinho (em geral, volto pra casa desde o escritório).
Pode parecer estranho, mas quando isso acontece minhas idéias fluem de um jeito diferente. Nem quando deito à noite - com insônia - e fico olhando os pontos de luz no teto do quarto (que escapam pelas frestas da persiana) eu consigo ir tão longe.
Porque nessas horas de vôo (de sono ou de caminhada e solidão), posso analisar milhares de possibilidades de passado, presente e futuro (mais passado e futuro que presente ...).
Ver milhares de variações pra cada ação que eu venha a tomar nas próximas vinte e quatro horas.
E ainda, hipóteses geradas por acontecimentos fantásticos, coisas de sonho, vontades pouco lúcidas de que algum milagre aconteça e transforme essa vida (como o Tiago me disse hoje) "medíocre" em algo que realmente valha a pena, que seja mais do que está sendo, que passe de um balanço entre bem e mal e vire apenas alegria.
E depois percebo que foram apenas divagações.
E em geral, depois desses momentos de euforia ou conflito, vêm um pouco de depressão.
Mas depressão é bom.
Sem ela não daria pra saborear a alegria e a euforia com tanta precisão, e tanto gosto.
Será que uma vida medíocre é algo bom?
Será que alguém sonha com isso?
Nem muitos altos, nem muitos baixos... Equilíbrio...
Dizem que Deus (ou outra força acima de nós, pra quem não acredita num Deus de barbas brancas) dá o frio conforme o cobertor.
É uma lógica tola, porque assim os mais fortes, os mais fiéis, os mais aptos, seriam os menos recompensados.
Mas ai vem alguém e diz que minhas reclamações da vida são exageradas, que quando as pessoas sofrem desgraças de menos elas se acostumam a achar pouco da boa sorte que têm.
E no fim, tudo não passa de um belo engodo pra que todos se sintam bem do jeito que são (mesmo buscando mais!).
Ao menos bem o suficiente pra não desistir e abrir mão de tudo, abrir mão da vida.
Não, não sou suicida (apesar de várias vezes ter comentado ou registrado isso...)
Acho que sou apegado demais a esse plano - talvez por não crer (ter confirmação de) que exista continuação além dele - pra perder a oportunidade de provar certas coisas antes de partir.
Mas às vezes me pergunto se todas as besteiras, todas as escolhas erradas que fiz e que me levaram a lugares em que eu não quero estar e que mal suporto, ainda terão algum conserto.
E estranhamente tudo que me vêm à cabeça agora, são versos da Legião Urbana.
"Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor"
"Eu nem sei porque me sinto assim
Vem de repente, um anjo triste perto de mim"
"Mas não me diga isso
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa...
Amanhã é um outro dia, não é?"
É. Amanhã é outro dia.
Acho que preciso dormir.
Aproveitem bem seu dia.
Como se fosse o último.
Sempre!
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