O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra.
Miguel Esteves Cardoso
*retirado de "O Crime de Laio"
3 comentários:
Nossa, que coisa ótima!
E penso exatamente isso: ninguém mais me parece disposto a amar pelos motivos certos, ou simplesmente sem motivos...
é uma pena. alguns ainda estão dispostos ao amor puro. quero acreditar que ainda exista.
http://ociosdooficio.blogspot.com/2007/03/malaquias-no-jardim.html
Muito bom esse poema. Hoje fui procurar para postar no meu flog
(www.fotolog.com/niarchos)
cai no Google e te achei! Curti teu blog!!!
Belo texto. Aos poucos vou voltando. Eu ia pra Sampa ver o Antony mas quando fui ver, os ingressos já estavam esgotados. Shit !
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