segunda-feira, 2 de fevereiro de 2004

*pensamentos*

O ônibus andava entremeio as faixas velozes da estrada, o livro que eu devia ler (Minority Report, A Nova Lei, de Philip K.Dick) ficou esquecido dentro da mala, no bagageiro. Não restava muito senão dormir ou deixar os pensamentos voarem. E isso sempre me deixa mal, sempre me faz chegar a constatações desagradáveis ou então tristes, e não seria a situação atual que faria ser diferente.

Dessa vez não foi diferente.

Quantas pessoas incríveis a gente conhece nas nossas vidas. pessoas que admiramos pelos mais diferentes aspectos, das mais diversas maneiras, nas quais nos espelhamos para certas coisas, outras que nós gostaríamos de jamais perder de vista, outras que nos fazem questionar tudo aquilo no que acreditamos, ou que simplesmente por existirem fazem um bem inexplicável a nossa própria existência! E sem dúvida algumas em especial pelas quais a gente se apaixona, ou então acha que se apaixona.

Comecei a pensar em quantas pessoas assim já passaram pela minha vida.
E se foram...
Nem ao menos deu pra dizer o que significaram, ou o que poderiam vir a significar.
Quantas pessoas passam diariamente, e se perdem.

E quantas eu admiro em silêncio, admiro porque me espelho para levar meu dia a dia, para descobrir que também tenho as condições para ser forte, para enfrentar o desconhecido, chegar lá. Pessoas que conquistaram a admiração ao longo dos dias, dos anos, que passaram de amigos e amigas a ídolos, e que talvez, principalmente agora nessa fase encerrada da minha vida possam vir a quase sumir dela, a se resumir a um endereço de e-mail pouco usado.

E as antigas paixões. As verdadeiras, não as fantasiadas. Aquelas que te faziam sentir um frio percorrendo a barriga, tomando conta do peito, roubando o ar. Que mesmo depois de dois três anos te deixam desconcertado quando esbarram acidentalmente em um shopping center lotado, bastando um sorriso, um “olá” e um “tudo de bom” para acabar com tua alegria de final de semana e te deixar pensando no “se...” e no “talvez...”
E somem sem deixar vestígio, apenas pra lembrar que somos humanos, frágeis e dependentes.

Uma pena.

Cada vez tenho mais certeza que nunca seria independente, nunca conseguiria me desligar de todo mundo que me cerca. Ou talvez eu devesse dizer de cada uma das pessoas que me cerca.
Cada vez existe uma necessidade maior de dependência, de ter amigos próximos, amigos em quem confiar, família, alguém a quem agradecer por tudo que sempre fez pela gente, porque a vida é muito vazia se não tivermos pessoas que nos apóiem e a quem depois, com o peito cheio de orgulho, possamos agradecer com toda nossa euforia.

Outras por quem nos apaixonamos e idealizamos mil fantasias. Que nos darão motivo para virarmos alguém melhor.

Enfim, estou radiante por ter encerrado talvez a pior fase da minha vida, mas ao mesmo tempo uma das melhores. A grande perda vai ser arriscar todas essas amizades que um dia eu consegui criar e manter. Claro que as verdadeiras sempre irão durar (eis um ditado). Mas ao mesmo tempo não há como saber se as que não duram não teriam sido muito produtivas em outras circunstâncias.

E cada perda é uma perda mito grande, por menor que seja.

Que a amizade vença no final.

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